“Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
Tentei salvar os índios, não consegui.
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”
Darcy Ribeiro nasceu em Minas Gerais (Montes Claros,
26 de outubro de 1922), no centro do Brasil. Formou-se em Antropologia
em São Paulo (1946) e dedicou seus primeiros anos de vida profissional
ao estudo dos índios do Pantanal, do Brasil Central e da Amazônia
(1946/1956). Neste período fundou o Museu do Índio e estabeleceu os
princípios ecológicos da criação do Parque Indígena do Xingu. Escreveu
uma vasta obra etnográfica e de defesa da causa indígena. Elaborou para a
UNESCO um estudo do impacto da civilização sobre os grupos indígenas
brasileiros no Século XX e colaborou com a Organização Internacional do
Trabalho (1954) na preparação de um manual sobre os povos aborígenes de
todo o mundo.
Nos anos seguintes, dedicou-se à educação primária e
superior. Criou a Universidade de Brasília, de que foi o primeiro
Reitor, e foi Ministro da Educação, no Gabinete Hermes Lima. Mais tarde,
foi Ministro-Chefe da Casa Civil de João Goulart e coordenava a
implantação das reformas estruturais quando sucedeu o golpe militar de
64, que o lançou no exílio.
A propagação de suas idéias rompeu fronteiras. Viveu
em vários países da América Latina, onde conduziu programas de reforma
universitária, com base nas idéias que defende em A Universidade
Necessária. Foi assessor do presidente Salvador Allende, no Chile, e de
Velasco Alvarado, no Peru. Escreveu neste período os cinco volumes de
seus Estudos de Antropologia da Civilização ( O Processo Civilizatório,
As Américas e a Civilização, O Dilema da América Latina, Os Brasileiros:
1. Teoria do Brasil e Os Índios e a Civilização), que têm 96 edições em
diversas línguas. Neles propõe uma teoria explicativa das causas do
desenvolvimento desigual dos povos americanos. Recebeu ainda títulos de
Doutor Honoris Causa da Sorbonne, da Universidade de Copenhague, da
Universidade da República do Uruguai e da Universidade Central da
Venezuela.
Retornando ao Brasil, em 1976, voltou a dedicar-se à
educação e à política. Elegeu-se Vice-Governador do Estado do Rio de
Janeiro (1982), foi Secretário da Cultura e Coordenador do Programa
Especial de Educação, com o encargo de implantar 500 CIEPs, que são
grandes escolas de turno completo para mil crianças e adolescentes.
Criou, então, a Biblioteca Pública Estadual, a Casa França-Brasil, a
Casa Laura Alvim, o Centro Infantil de Cultura de Ipanema e o
Sambódromo, em que colocou 200 salas de aula para fazê-lo funcionar
também como uma enorme escola primária.
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