Movimento Negro do PDT Amazonas tem novo Coordenador

PROF. ANTONIO DE JESUS DOS SANTOS COORDENADOR DO MOVIMENTO NEGRO DO PDT/AM.


Antonio de Jesus, como é conhecido, nasceu na cidade de Santa Inês- Maranhão. Aos 11 anos de idade, migrou com sua família para Manaus-Amazonas. Iniciou sua vida escolar aos 14 anos, na Comunidade São José, localizado na BR 319 (trecho Careiro-                                Castanho), onde residiu com seus familiares.
           
 Ao militar no PDT, encantou-se com a proposta inusitada do partido para com as lutas dos povos negros, visto tratar-se de uma organização política da nação, cuja bandeira está embasada nos princípios da construção de valores e direitos da cidadania.

              Antonio de Jesus hoje com 32 anos de idade, pretende dialogar com pessoas que se identifiquem com as causas das populações negras, a fim de incentivar a convivência democrática e as relações política ética social.

              Aprender a ser cidadão entre outras coisas, está presente na bagagem da trajetória de Antonio de Jesus. Quando ingressou na escola Católica LANTERIAMA localizada no Município do Careiro Castanho, em busca do aprendizado no Curso de Marceneiro, no qual se destacou e teve a oportunidade de ser convidado pela direção daquela Instituição para ministrar na própria ONG o Curso de Marcenaria para novos alunos.

              Toda a estrutura da escola LANTERIAMA voltada para profissionalizar seus alunos e proporcionar entretenimento que pudesse manter sua demanda afastada dos caminhos ilícitos, algo de fácil acesso naquela região, proporcionou a participação do jovem Antonio de Jesus, em várias modalidades de cunho esportivo como: Campeonato Social, futsal, dominó, dama, baralho e outros.

                 Foi na sala de aula do Centro Profissional LANTERIAMA, que se deu inicio a sua experiência em regência da teoria e prática docente. Segundo o mesmo, foi nesta fase de sua vida que se apaixonou pelos seres humanos e suas dimensões sociais, a ponto de concordar com o pensamento de Paulo Freire:

A educação como prática da liberdade, ao contrário daquela que é pratica de dominação. Implica a negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assim como também a negação do mundo como uma realidade ausente dos homens.
A reflexão que propõe por ser autêntica, não é sobre este homem abstrato nem sobre este mundo sem homens, mas sobre os homens em suas relações com o mundo. (Freire, 2005)  

             

                  Ao término do Ensino Fundamental, ingressou no Ensino Médio Profissionalizante, em Magistério, no qual teve oportunidade de como estagiário, de conviver com a fantástica experiência de sala de aula, fato o qual o impulsionou a prestar vestibular na UEA para o Curso Normal Superior.

                  Antônio de Jesus, também cursou no CETAM alguns cursos profissionalizante tais como: técnico em eletricidade nível residencial, mecânico de motor a diesel, informática básica e avançada.

                  Profissional engajado teve sua vida dedicada aos estudos e preparação para o concurso, assim sendo aprovado no concurso do CEAM, SEMED e SEDUC, tendo que solicitar desligamento do estado por acúmulo de função.

                  Enfim, muitas são as conquistas deste jovem negro, que ora responde pela Gerência de Administrativo e Pedagógico da Divisão Regional de Educação II, SEMED, demonstrando empenho e atitude de servidor político de excelência, seu desempenho é reconhecido pelos seus liderados e amigos.
Ressalta-se o reconhecimento que tem pelo empenho de seus pais na sua formação. Porém, não esquece o senhor João Antonio Evangelista e o Pe. Iginio Mazzucchi coordenadores da associação Lanteriama/Careiro-Castanho que influenciaram na construção de seus valores cristãos, pessoais e intelectuais.

                  Este tem a pretensão de apresentar algumas dimensões da história de vida Antonio de Jesus, cidadão ético, comprometido com as causas sociais de acordo com as metas propostas do planejamento estratégico do PDT, é uma liderança que promete participar das discussões que recoloquem o negro no contexto de igualdade social, visto o princípio de valorização do capital humano com seus sentimentos.

“... colocava certa vez o perigo dos movimentos negros de se fecharem em si mesmo, construindo um muro protetor dentro do muro construído pelo preconceito racial. Em seu livro Circuito Fechado, propõe que sejam destruídos os muros que separam negros e brancos para que todos se integrem na luta geral do povo brasileiro contra as injustiças e as opressões de classes”. (Fernandes apud. Peregalli, 72)

                 Nosso coordenador do Movimento Negro do PDT-AM, reflete sobre as raízes brasileiras afirmando que a sociedade brasileira recebeu contribuições do negro na formação de sua identidade política, econômica, religiosa e social. Este povo que involuntariamente foi trazido para o Brasil deixou sua terra, sua cultura, sua religião e sua etnia, para incrementar a economia brasileira servindo de mão-de-obra. Trouxeram o domínio na criação do gado, no trabalho com o ferro, na irrigação do solo, entre outros. Um povo forte e trabalhador que contribuiu para o crescimento populacional de nosso país.

                 Hoje, o negro luta para ter o seu reconhecimento. Não como uma cultura superior, mas como uma cultura tendo seus valores reconhecidos. Esta luta não é fácil, quando entendemos que ela consiste em mudar toda uma herança cultural cheia de preconceito, discriminação, exploração, opressão, e etc. de toda uma geração que ainda vê o negro como indigno e incapaz de ser competente,  inteligente e até mesmo ser gente. Tudo isso são reflexos de uma história construída de forma desigual onde o negro pós abolição, foi lançado numa sociedade sem meios para ter a sua verdadeira liberdade.

                 Hoje no Brasil temos o desafio de redimensionar o olhar eurocêntrico de nossa história para um olhar do povo brasileiro, romper as vendas que ainda cegam uma geração que desconhecem os valores de suas origens. As forças do velho mundo gradativamente se enfraquecem com o esclarecer de uma nova mentalidade. Só a educação permite a construção desse novo olhar de valorização de nossa história.

                 É notório as inspirações desse líder, quando o mesmo menciona o embasamento dos princípios da bandeira do PDT: Educação, Soberania Nacional, Trabalhismo, Direitos Humanos, Previdência Social e Meio Ambiente. Enfatizando os principais compromissos do Partido Democrático Trabalhista - PDT está à causa das populações negras e isto engloba: a inclusão social, inserção nos contextos políticos, valorização cultural das minorias.


Quantos heróis nós matamos?
Hoje paro pra pensar na infinidade de heróis que eu deixei de ter,
Vejo que os heróis que cultuo não são meus,
Mas que na sua maioria são programados, automatizados.
A divindade heróica deixou de ser sobrenatural para ser mecânica e manter o julgo de um
sistema opressor.
Os heróis brasileiros não sentem dor, os heróis brasileiros...
Eles não cabem em mim, hoje posso concordar,
Ontem eles cabiam, e eu os recebia numa posição de servidão.
Eu menino, não me via em nenhum lugar, não tinha foco objeto ou a quem desejar.
Cultuar um negro? Deus-o livre meu netinho!
Você é moreno não é neguinho.
Nunca me vi em meus brinquedos, nas canções ou na tv.
Quem eu era até hoje não sei.
Os heróis brasileiros não sentem dor, os heróis brasileiros...
Aos vinte e poucos volto a procurar um herói negro que possa cultuar.
Um herói de resistência, preto em alma e em cor.
Um herói forte, morto pela força de quem o aprisionou,
Um herói que transpira ou que na terra muito já chorou.
Volto ao passado e busco meus bisavós, ou poderiam ser os seus,
em nada iria mudar,
Encontro uma vitória e uma dor, imaginas o quanto que esse povo sofreu e perdeu.
Mas que sempre ergueu os olhos e lutou.
Os heróis brasileiros não sentem dor, os heróis brasileiros...
Todo o dia te lembre do preto safado,
que no eito e no trabalho conseguiu te fazer negão.
Lembre da negra que calada dormia com patrão,
por causa do silêncio conseguiu te fazer negão.
Lembras das chibatadas, as incontáveis, que em nosso lombo nunca doeu
Marcou
Lembre que delas muitos dos nossos padeceram e alguns de nossos guerreiros
Morreram com o lombo sangrando sem dizer não
e calar seu negro coração.
Vamos erguer monumentos a esse povo, não nas ruas, não nas praças,
mas em nossa pele já marcada.
Deixe pulsar o negro em você, ouça o tambor e não fique calado.

Ricardo Fernandes
Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 6 - Agosto. 2009 - ISSN 1983-2354
www.africaeafricanidades.com

J.L.S. SANTOS- Membros do Movimento Negro